Por Augusto Nunes * 

Segundo as pesquisas, o brasileiro é o povo mais volúvel do mundo

A cada pesquisa Datafolha, a imprensa esquece todas as pesquisas anteriores e transforma a mais recente em verdade incontestável. Em 22 de março deste ano, por exemplo, a fábrica de porcentagens constatou que 57% dos brasileiros consideravam justa a condenação de Lula no caso do triplex do Guarujá e 51% entendiam que o ministro Edson Fachin errou ao anular as punições impostas em duas instâncias ao ex-presidente. Nesta semana, passados menos de dois meses, o Datafolha descobriu que os brasileiros vivem mudando de ideia.

Se o primeiro turno das eleições de 2022 ocorresse agora, garante o instituto, Lula teria 41% dos votos contra 23% de Jair Bolsonaro. Se a disputa já estivesse na etapa final, o ex-presidente venceria o atual por goleada: 55% a 32%. Isso se Bolsonaro conseguir completar o mandato, informou há poucas horas outra fornada de índices.

A pesquisa divulgada neste sábado garante que 50% dos entrevistados apoiam o impeachment do presidente. No Datafolha de março, eram 46%. Agora, 46% é o índice dos que querem que Bolsonaro continue no cargo. Os organizadores do levantamento exibem a mesma segurança que esbanjaram em 2018 enquanto navegavam rumo ao naufrágio.

Em 28 de setembro daquele ano, uma pesquisa divulgada às vésperas do primeiro turno anunciou que, no segundo, Bolsonaro seria derrotado por Fernando Haddad por uma diferença de seis pontos percentuais: 45% a 39%. Aliás, Bolsonaro não escaparia do nocaute se tivesse de enfrentar na rodada final Ciro Gomes ou Geraldo Alckmin. Como se sabe, as urnas desmoralizaram as profecias.

Antes da próxima sopa de estatísticas eleitorais, o Datafolha deveria realizar uma pesquisa concebida para decifrar o mistério: o que transformou o brasileiro no povo mais volúvel do mundo?