Por João de Mari *

Jornais destacam operação que deixou 25 mortos no Rio: carnificina

A operação da Polícia Civil desta quinta-feira (6) na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, é ação policial mais letal da história do estado.

Até às 17h30, a operação registrava ao menos 25 mortos — entre eles, 24 civis e um policial baleado na cabeça.

Antes, a maior em quantidade de mortes ocorreu no Complexo do Alemão em 2007, com 19 vítimas, entre elas uma estudante que estava na escola e uma criança.

A operação da Polícia Civil desta quinta-feira (6) na favela do jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, é a ação policial mais letal da história do estado. Até às 17h30, a operação registrava ao menos 25 mortos — entre eles, 24 civis e um policial baleado na cabeça. A identidade dos civis mortos não foi divulgada.

De acordo com levantamento foi feito pela UFF (Universidade Federal Fluminense), que contabiliza operações policiais no estado ocorridas desde 1989, nunca houve uma ação única com essa quantidade de óbitos.

Antes, a maior em quantidade de mortes ocorreu no Complexo do Alemão em 2007, com 19 vítimas, entre elas uma estudante que estava na escola e uma criança.

No caso da operação de hoje, no Jacarezinho, não há ainda informações sobre sexo, nome ou idade das vítimas. Apenas o número divulgado: 25 mortes. A única identidade revelada é a do policial civil André Farias, que foi baleado na cabeça e morreu, segundo a polícia.

"Esse número de mortes só se compara às chacinas de Vigário Geral [21 mortos, em 1993] e da Baixada [Fluminense em 2005, com 29 mortos], mas provocadas em operações extralegais. É preciso responsabilizar os agentes políticos responsáveis por essa ação", afirma o coordenador do grupo de estudos da UFF, Daniel Hirata.

Tanto a chacina de Vigário como a da Baixada foram provocadas por policiais. Porém, a atuação deles foi clandestina, como parte da ação de grupos de extermínio e não numa operação oficial como a desta quinta.

Desde o início da manhã desta quinta (6),moradores relatam intensos tiroteios e veículos blindados e helicópteros da corporação transitando pela favela - tida pela polícia como um dos principais locais de atuação da facção criminosa Comando Vermelho.

Operação Exceptis

A ação desta quinta fez parte da Operação Exceptis da Polícia Civil do Rio, coordenada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), com o apoio do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).

De acordo com a polícia, a operação investiga o aliciamento de crianças e adolescentes para ações criminosas como assassinatos, tráfico de drogas e sequestros de trens. O setor de inteligência identificou 21 integrantes do grupo.

Como foi a operação

Uma operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas no Jacarezinho deixou, ao menos, 25 mortos nesta quinta-feira pela manhã. Um intenso tiroteio provocou caos na comunidade carioca, segundo informações do G1.

A corporação informou que "24 suspeitos e um agente morreram na operação". O policial foi identificado como André Farias, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod). Ele teria recebido um tiro na cabeça.

Vídeos com sons de rajadas de tiros e explosões foram registrados por moradores da comunidade, que relatavam também a impossibilidade de deixar o local.

De acordo com o G1, uma noiva com o casamento marcado para esta quinta-feira ficou presa em casa, assim como uma mulher grávida com cesariana agendada também para esta manhã.

Dois passageiros do metrô foram feridos na operação, mesmo estando dentro de uma das composições. Um deles foi atingido de raspão, no braço, por um projétil, enquanto o outro sofreu lesões causadas por estilhaços de vidro. Ambos foram encaminhados para o Hospital Municipal Salgado Filho.

Chico Alves/Colunista do UOL - "Na maior parte do território brasileiro, os cidadãos suspeitos de algum crime têm direito às prerrogativas determinadas pela lei: acusação, investigação e julgamento. Caso sejam condenados, serão submetidos às punições regulamentares. Como se sabe, não há pena de morte no Brasil. 

Nas favelas do Rio, a legislação não tem efeito algum. Basta que alguém seja considerado "suspeito" para correr o risco de ser condenado à pena capital, consumada por um tiro de fuzil ou qualquer outra arma de um policial. Depois, divulga-se a notícia de que um "suspeito" ou vários "suspeitos" morreram em operação da polícia." 

                                                                                                                        Fotos: Divulgação