Por Tercio De Campos *
A Pandemia da COVID-19 tem causado impacto imenso em nosso país, que no final do mês de março de 2021 ocupa o triste ranking de segundo país mais afetado do mundo com relação ao número de casos e número de mortos.
E, esta pandemia, escancarou as dificuldades que temos em nosso sistema de saúde, com falta de leitos, indisponibilidade de UTIs e de profissionais qualificados, o que têm piorado de modo progressivo nas últimas décadas. É neste cenário que atendemos os pacientes vítimas de Trauma.
Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde, 5,8 milhões de pessoas morrem todos os anos devido ao trauma em todo o mundo. Por outro lado, até o momento, 2,7 milhões de pessoas no mundo morreram de COVID-19 desde o início da pandemia. No Brasil, são cerca de 400 mortes por dia devido a causas externas, ou cerca de 17 mortes por hora. Acreditamos que com a vacinação a Pandemia irá diminuir e um dia acabar. O Trauma, infelizmente não. A vacina do Trauma é a prevenção.
O tratamento específico do Trauma passa necessariamente pelo Cirurgião do Trauma. Um profissional bem preparado, envolvido com sua sociedade, a SBAIT, e liderando projetos pelo país faz a diferença na prevenção e no tratamento de doentes traumatizados, podendo reduzir de modo significativo os números de morte devido ao Trauma no Brasil.
A SBAIT é uma sociedade sem fins lucrativos cuja missão é Liderar, Inspirar e Capacitar as pessoas na prevenção e cuidado às vítimas de Trauma no país, e tem como um de seus objetivos valorizar o Cirurgião de Trauma, para que este possa atuar nesta missão e contribuir com a melhora de toda a linha de cuidado ao doente traumatizado.
O reconhecimento e a valorização do cirurgião de Trauma não passam pela necessidade da Cirurgia do Trauma ser uma especialidade. O Conselho Federal de Medicina através de sua comissão mista de especialidades, composta por dois representantes do Conselho Nacional de Residência Médica, dois representantes do Conselho Federal de Medicina e dois representantes da Associação Médica Brasileira, relaciona 55 especialidades e 59 áreas de atuação registradas no Brasil. E, o Conselho Federal de Medicina em conjunto com a Associação Médica Brasileira, por meio de sua Comissão Nacional de Acreditação que concede os títulos de especialistas, determinam por suas direções que não serão criadas novas especialidades no país.
Deste modo, é de fundamental importância a valorização da Área de Atuação em Cirurgia do Trauma, grande conquista obtida em nossa sociedade. Além disto, o médico pode anunciar como suas no máximo duas especialidades, além de sua área de atuação, no caso a Cirurgia do Trauma. Conquista importante a ser valorizada por todos nós.
E conquista que deve ser renovada a cada ano na participação efetiva da SBAIT junto ao Colégio Brasileiro de Cirurgiões na prova de Certificação em Cirurgia do Trauma. A participação da SBAIT em todos os eventos relacionados ao Trauma no país é fundamental não apenas para a SBAIT, mas também para a credibilidade do evento junto às entidades organizadoras. O principal objetivo desta participação é a valorização do profissional que está sendo capacitado, missão primordial da SBAIT.
A valorização do Cirurgião do Trauma passa por vários outros pontos:
– A preferência em editais e concursos relacionados a cargos de liderança em todas as esferas, como já tem acontecido em vários locais;
– O Cirurgião de Trauma deve ainda ser o líder dos Centros de Trauma, conceito que se espalha por todo o país. Mas que deve ser disseminado com estrutura, organização e princípios básicos, como a SBAIT tem proposto através de seu planejamento estratégico; – A valorização do Cirurgião de Trauma passa ainda pela verificação e acreditação de Centros de Trauma, de modo a uniformizar e democratizar critérios, de modo a estimular e valorizar Centros de Trauma que atendam pacientes privados e principalmente do SUS, e que são pilares do tratamento de doentes traumatizados em todo o país;
– E o treinamento dos Cirurgião de Trauma deve certamente ser valorizado, através de uma residência reestruturada, obtida com dois anos de formação, aos moldes do que o Colégio Brasileiro de Cirurgiões implementou, passando de dois para três anos o tempo de formação do Cirurgião Geral. O conceito é o mesmo. Quanto mais tempo de formação melhor. Difícil este dado ser contestado;
- A visão de futuro através dos alunos de medicina. Junto com os cirurgiões de trauma, há uma verdadeira legião de alunos ligados às ligas de trauma, garantindo o futuro da missão da SBAIT;
- O fortalecimento da Sociedade com mais sócios, e maior envolvimento de cada um, fazendo com que a sociedade tenha sua devida representatividade.
Temos convicção que em conjunto com as entidades representativas da Medicina, o Colégio Brasileiro de Cirurgiões, a ABRAMEDE, entre outras associações, a SBAIT conseguirá executar seu papel na nobre missão de reduzir de modo drástico os números trágicos de mortes por trauma no Brasil.
Foto: Divulgação
0 Comentários