O esloveno de 22 anos da UAE Emirates vai repetir hoje nos Campos Elísios o triunfo do ano passado. Uma curta carreira já cheia de êxitos que curiosamente começou com uma vitória no Algarve.



Está feito! Hoje, na última etapa que termina nos Champs-Elysées (Campos Elísios), em Paris, Tadej Pogacar vai ser confirmado como vencedor da 108.ª Volta a França, repetindo o triunfo alcançado no ano passado e que vem provar que o esloveno de 22 anos da UAE Emirates, que tem como colega o português Rui Costa, é atualmente o maior nome do ciclismo mundial.

A etapa de ontem, a 20.ª, um contrarrelógio que ligou Libourne a Saint-Émilion, foi ganha pelo belga Wout van Aert (Jumbo-Visma), que cumpriu os 30,8 quilómetros em 35.53 minutos, batendo os dinamarqueses Kasper Asgreen (Deceuninck-QuickStep), segundo a 21 segundos, e Jonas Vingegaard, o seu companheiro de equipa que foi terceiro, a 32.

Mas Tadej Pogacar, que foi oitavo a 57 segundos de Van Aert, confirmou que a amarela será sua hoje em Paris, enquanto o dinamarquês da Jumbo-Visma será segundo, a 5.20 minutos, depois de ter levado a melhor na luta com o equatoriano Richard Carapaz (INEOS), que fecha o pódio, a 7.03.

O triunfo de Pogacar não é propriamente uma novidade, nem sequer uma surpresa (o ano passado sim, foi), pois iniciou a prova já com o rótulo de favorito, apesar de há 15 dias existir algum suspense em torno de uma possível "vingança" do seu compatriota Roglic, pela forma como no ano passado perdeu o Tour. Mas não.

O favoritismo do rapazinho de 22 anos confirmou-se, ele que arrasou na Volta a França deste ano, com quatro vitórias em etapas e a chegar ao último dia com 5.20 minutos de avanço sobre o segundo classificado.

A equipe dos Emirados Árabes Unidos se afasta do pelotão para saudar a multidão e tirar algumas fotos de lembrança, camisa amarela no centro.




Pogacar é um verdadeiro fenómeno, ele que em 2019 conquistou a sua primeira vitória como profissional na segunda etapa da Volta ao Algarve, prova que haveria de vencer.

O ciclista da UAE Emirates era um jovem, com a cara cheia de borbulhas, que mal falava inglês e que se sentia intimidado pelos jornalistas, embora fosse extremamente educado. E o mais curioso é que nem estava na ficha oficial da UAE Emirates para a prova algarvia, acabando por ser chamado à última hora para substituir um dos ciclistas que estava fora de forma.

Nas grandes Voltas, logo na estreia em Espanha, em 2019, foi terceiro classificado, atrás de Roglic e Ernesto Valverde. E no ano passado cometeu a (grande) proeza de vencer a Volta a França- o mais jovem vencedor de sempre. Foi o salto que precisava para passar de jovem promessa a valor confirmado do ciclismo mundial.

Do futebol ao ciclismo

Curiosamente, o ciclismo surgiu quase por acaso na vida desde esloveno nascido na cidade de Komenda. Filho de uma professora de escola secundária e de um empregado numa fábrica de madeiras, na infância a sua paixão era o futebol. Mas o irmão Tilen acabou por ser determinante na sua carreira, ao inscrevê-lo numa equipa de ciclismo de Ljubljan onde também ele corria. Começou a pedalar aos nove anos e aos 10 já entrava em competições.

Como era o mais novo, ganhou naquela altura a alcunha de Tamau Pogi, o pequeno Pogi, que continua a utilizar na sua conta do Twitter.

Quando em 2018 venceu a Volta a França do Futuro, várias equipas colocaram-se logo em campo para o contratar. Acabou por escolher a UAE Emirates, onde tem colecionado êxitos. Mas antes, em 2011, uma outra pessoa viu nele logo com tenra idade um potencial enorme - o seu atual treinador, Andrej Hauptman, que numa corrida viu-o a deixar para trás ciclistas muito mais velhos e experientes.

O jovem que em tempos proferiu a frase "se não atacares, não podes ganhar tempo", prepara-se então hoje para mais um dia de consagração, numa última etapa que terá como ponto mais relevante a possibilidade de Mark Cavendish poder bater o recorde que partilha atualmente com Eddy Merckx, de 34 vitórias em etapas da Volta da França, "Tour de France".

"Não posso comparar as duas vitórias na Volta a França. Não posso dizer qual foi mais bonita. No ano passado foi tudo decidido no último contrarrelógio e as emoções foram muito mais fortes. Desta vez conquistei a camisola amarela bem mais cedo. Foi completamente diferente.

Ontem tive muito apoio da minha equipe ao longo de todo o percurso. Curti cada quilômetro, apesar do intenso calor e de estar a sofrer um pouco. Estou muito feliz", referiu Pagacar, já não tão tímido como há um ano atrás e num inglês bem melhor.

Os 141 pilotos ainda na corrida enfrentam a última etapa do Grande Boucle neste domingo, com finalização na Champs-Elysées. Antes disso, eles terão que percorrer 108 quilômetros de Chatou.
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Por Nuno Fernandes/DNPT